quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A respeito do respeito.

Há tempos venho refletindo sobre as mudanças que o ser humano sofreu em termos de atitudes e pensamentos, e digo mais, não só o ser humano mas a sociedade e o mundo em que vivemos. Quando olho hoje em dia tantas campanhas contra o aborto, queimadas, preservação da natureza, doações (sérias), campanhas contra o cigarro e tantas outras atitudes que sempre estiveram embaixo do nosso nariz, porém nunca havíamos sequer tomado uma atitude para frear o acontecimento de tais atos.

Digo isso, pois infelizmente ainda existe uma pequena parcela das pessoas que se iludem achando que o certo é ser “esperto”. Infelizmente é uma pena.

Vejam o que aconteceu comigo.

Acordei para ir para o estágio as 5h30, como a imensa maioria dos brasileiros acorda nesse horário, tomei meu café me arrumei e sai para pegar o ônibus. Como de costume o ônibus neste horário já está bem lotado e quem pega ônibus assim deve saber de qual tipo de ônibus lotado estou me referindo, é aquele em que ficamos uma pessoa colada na outra igual sardinha em lata, então fiquei de pé esperando vagar um lugar, pois estava com uma mochila relativamente pesada nas mãos e na outra estava com documentos do estágio, mas nem liguei e fiquei olhando a paisagem dos lugares de São Paulo onde o ônibus passava que por sinal adoro fazer isto... Fico maravilhado!

Quando chegamos à altura da Avenida Paulista, uma senhora que estava a minha frente se levantou para descer no ponto, pensei feliz comigo: “Poxa vida agora sim vou sentar e poder leu meu livro que trouxe” (O livro era: COMO EVITAR PREOCUPAÇÕES E COMEÇAR A VIVER – Dale Carnegie). Engano meu... Uma mulher do tipo “esperta” que estava um pouco perto de mim, passou correndo empurrando os outros e por conseqüência me empurrou também, e sentou na minha frente sem pestanejar, ficou tranqüila sentada ouvindo a sua música no celular (sim era no celular para todos ouvirem, por que afinal uma música de Funk carioca em plena 6h da manhã é super agradável aos ouvidos de todos que estão indo trabalhar).

Diante disto fiquei parado e analisando o fato, como será que essa pessoa faz uma coisa dessas e acha normal? Vocês podem estar se falando: “Ah, mas Balido me desculpe, mas temos que ser ESPERTOS!” O palavrinha maldita, te contar viu... Espertos, isso mesmo, espertos com o deficiente físico que precisa do seu lugar VAGO no transporte público, espertos com o senhor(a) de idade que enfrentou filas a vida toda e só exerce o seu direito ao pegar a fila especial nos bancos e demais estabelecimentos, espertos com a mulher grávida que necessita de uma vaga em um hospital público, espertos como o político corrupto que não se abala nem um pouco em desviar verba, espertos como uma parcela das nossas polícias que a propina funciona mais como uma “renda-extra” para pagar os estudos dos filhos e coisas do tipo, e etc.

Vamos pensar no que estamos fazendo conosco e com as pessoas ao redor, depois do ocorrido eu confesso que perdi a vontade de sentar e fiquei só pensando nisso, penso eu que a sujeita deve ter sido criada ouvindo um discurso mais ou menos assim: “É minha filha, no país que agente mora, tem que ser esperto mesmo senão os outros pisam na gente... Como diz o ditado, camarão que dorme a onda leva!” E daí para baixo, aqueles que acham que estou exagerando por um simples lugar para sentar no ônibus, que se lembre que nunca vão conseguir mudar o mundo inteiro sem mudar nas pequenas ações de cada um. A diferença entre roubar um clipe e um banco só está nos objetos roubados, por que o ato é o mesmo.


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Abraços!

Marcello Balido Amado

3 comentários:

  1. Pior que esta mentalidade "ishperrta" é a tolerância das pessoas com ela, inclusive valorizando ela.
    E sinceramente, quem quer ouvir música no ônibus que leve fone. Funk é inaceitável.

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  2. O jeitinho brasileiro é um dos principais motivos de inúmeros problemas sociais, econômicos etc. Jeitinho e corrupção andam lado a lado. Uma sugestão de literatura sobre o assunto é um livro chamado "Dando um jeito no jeitinho brasileiro". Realmente um excelente livro.

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